quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

O homem e o Meio Ambiente. (Profª. Ana Lilia)


       As grandes modificações ambientais, decorrentes do avanço desenfreado das diferentes atividades humanas, constituem uma ameaça constante à biodiversidade e podem estar relacionadas ao nível de compreensão e percepção da sociedade no que diz respeito à problemática ambiental. Este artigo busca trazer uma reflexão sobre as relações existentes entre o ser humano e a natureza, destacando seu caráter utilitarista, na qual o ser humano a subjuga. Tendo a educação como o instrumento para modificar essa relação, que tende a afetar negativamente a existência humana no planeta, uma vez que ela depende incondicionalmente da natureza.
       Os problemas ambientais enfrentados neste início da primeira década do século XXI originaram-se na atuação errada da humanidade sobre o meio ambiente. O ser humano compreenderia sua relação com a natureza de forma utilitarista. Ele não seria parte dela, mas dono. Seria necessário reeducar o ser humano para que o mesmo mudasse suas relações com a natureza compreendendo que sua sobrevivência está condicionada ao estado em que o meio ambiente se encontra. Se a humanidade afeta negativamente a natureza, ela apenas afeta sua própria existência.
     O homem está constantemente agindo sobre o meio a fim de satisfazer suas necessidades e desejos. Cada indivíduo percebe, reage e responde diferentemente frente às ações sobre o meio ambiente. 
            De acordo com Dias (2000), a educação ambiental, por ser interdisciplinar, por lidar com a realidade, por adotar uma abordagem que considera todos os aspectos que compõem a questão ambiental (socioculturais, políticos, científico-tecnológicos, éticos, ecológicos, entre outros), por considerar que a escola não pode ser um amontoado de gente trabalhando com outro amontoado de papel; por ser catalisadora de uma educação para a cidadania consciente, pode e deve ser o agente otimizador de novos processos educativos que conduzam as pessoas por caminhos em que seja visualizada a possibilidade de mudança e de melhoria do seu ambiente total e da qualidade da sua experiência.
         Os termos, meio ambiente e educação ambiental constantemente utilizado, tanto em meios de comunicação como nos discursos políticos, livros didáticos, músicas e outras fontes demonstram uma grande diversidade conceitual, possibilitando diferentes interpretações, muitas vezes, influenciadas pela vivência pessoal, profissional e pelas informações veiculadas na mídia, que vão refletir nos objetivos, métodos e/ou conteúdo das práticas pedagógicas propostas no ensino (Reigota, 1991).
             A contraditória relação Homem-Natureza consiste principalmente nos problemas dos processos industriais criados pelo próprio Homem. Esse processo é visto como gerador de desenvolvimento, empregos, conhecimento e maior expectativa de vida. Porém, o homem se afastou do mundo natural, como se não fizesse parte dele.
           Com todo o processo industrial e com o avanço da tecnológica, a humanidade conseguiu contaminar o próprio ar que respira a água que bebe o solo que provém os alimentos, os rios, destruírem florestas e o habitat animal.
           Todo esse processo de destruição colocou em risco a sobrevivência da Terra e dos próprios seres humanos. O elevado índice de consumo e a consequente industrialização esgotam ao longo do tempo os recursos da Terra, que levaram milhões de anos para se compuser. Muitos desastres naturais são causados pela ação do homem no meio ambiente. Ao contrário de muitos que pensam que a natureza é violenta, pode ser, mas seu maior agressor é o homem, que não se deu conta de que deve sua existência a ela.
            O meio ambiente que circunda um ser vivo é constituído por tudo aquilo que o envolve e intervêm sobre ele.
           Compõe-se por fatores bióticos e abióticos, conforme PUENTE, 2008; Os fatores bióticos são os outros organismos vivos com os quais ele compartilha o meio ambiente, tanto da mesma espécie como de outras diferentes. Os abióticos são os fatores do ambiente físico que influem sobre o ser vivo como, por exemplo, a temperatura, a umidade, o relevo do terreno etc.
             PUENTE (2008, p. 144) descrevem o meio ambiente como:
   “o conjunto de componentes físicos, químicos, biológicos e sociais capazes de causar efeitos diretos ou indiretos em um prazo curto ou longo, sobre os seres vivos e às                                                         atividades humanas”.
            O meio ambiente compreende inúmeras idéias, conforme a referência. Por exemplo, para o ser humano, o meio ambiente é uma base de recursos naturais (água e oxigênio); pode ser também um lugar onde se realizam atividades produtivas (lavouras e criação de animais); ou então, um receptor de resíduos, já que os poluentes, frutos das atividades humanas, são lançados nele.
             Os processos de desenvolvimento adotados pela humanidade e suas consequências ambientais tem sido pauta de diversas discussões e preocupações por parte de agentes como, governo, entidades civis, organizações sociais, indivíduos preocupados com a temática do Meio Ambiente.
             Para Barbieri (2008), ocorreu primeiramente a percepção de problemas ambientais, atribuídos à indiferença ou negligência das pessoas, dos agentes produtores e dos consumidores de bens e serviços empreendendo desta forma, pelos governos de vários países uma educação corretiva através de atividades de controle da poluição como multas, de modo a frear os efeitos gerados pela produção e consumo.
              A poluição tornou a degradação ambiental um problema generalizado, até então entendido como limitado a cada país, cada um à sua maneira, tratando de seus problemas, com suas políticas de intervenção governamentais voltados à prevenção da poluição. Não só no Brasil como em vários países do mundo, a poluição era um indicativo de progresso. Tal percepção manteve-se até que problemas relacionados à degradação ambiental, contaminação do ar, água e solo se intensificaram.
            O homem passa a utilizar os recursos ambientais de forma individualista, sem respeitar a capacidade de recuperação dos mesmos. A natureza tem uma extraordinária habilidade de renovação. A água, o ar, solo, flora e fauna, ou qualquer outro recurso ambiental, afetado pelas ações humanas, pode, sob apropriadas condições, suportar alterações e regenerar-se. Mas a capacidade da natureza é limitada, e as modificações causadas pelo ser humano acarretam as degradações, que afetam a capacidade de regeneração, tornando-a mais difícil, ou mesmo impossível.
             A educação é um instrumento para a defesa do meio ambiente, base para a conscientização, criada pela necessidade humana de se evoluir, valorizando o contexto natural com o qual convive. A percepção dos problemas permite uma mudança de postura e sua superação (SÉGUIN, 2006).
         Para o educador Paulo Freire (1996), ensinar não é transferir somente conhecimento, mas sim criar as possibilidades para a sua produção ou construção. Freire não aceitava a idéia do que o ensinar era transmitir o saber, pois a missão de um educador é muito mais que possibilitar a criação do conhecimento e sim poder levar aos educandos a possibilidade de conhecer. No Brasil temos muitos educadores que continuam a lutar pelos mesmos ideais que Freire almejou, educando para a vida, para a transformação de sujeitos.
   
ação e reflexão, de tal forma solidária, ainda que em parte, uma delas, se ressente, imediatamente, a outra. Não há palavra verdadeira que não seja práxis. Daí que dizer a palavra verdadeira seja transformar o mundo”   (FREIRE, 1992 p. 77).

       Nos Parâmetros Curriculares Nacionais os conteúdos de Meio Ambiente foram integrados às áreas, numa relação de transversalidade, de modo que impregne toda a prática educativa e, ao mesmo tempo, crie uma visão global e abrangente da questão ambiental, visualizando os aspectos físicos e histórico-sociais, assim como as articulações entre a escala local e planetária desses problemas.
        A Educação Ambiental é uma ferramenta para a reflexão sobre a complexidade ambiental, permitindo examinar valores e percepções que movem as práticas sociais correntes, a fim de mudar a forma de pensar e transformar o conhecimento e as atitudes das pessoas através de práticas educativas.
          Seu objetivo também é o de quebrar esse paradigma antropocêntrico, que coloca o meio ambiente ao serviço do bem-estar da humanidade, ao mesmo tempo em que procura incitar nas pessoas a conscientização de que sua sobrevivência e manutenção de um bem-estar mínimo estão condicionadas à forma como ela se utiliza dos recursos naturais.
          O grande desafio atual é o de estabelecer uma educação ambiental crítica e inovadora, voltada à transformação social. Seu enfoque precisa nortear-se em perspectivas holísticas de ação, incluindo o homem e a natureza. Deve compreender que os recursos naturais são finitos e o principal responsável pela sua degradação é o próprio ser humano.
           Para se desenvolver sustentavelmente é imprescindível educar a população sobre as relações com a natureza. A humanidade sobrevive graças aos recursos providos por ela. Ao degradar o próprio ambiente em que se vive e de onde se retira tudo, apenas se afeta e prejudica ainda mais a própria existência humana. Este é um motivo e tanto para mudar o pensamento sobre como utilizar os recursos naturais.
          Consideramos a priori a importância de aprofundar cada vez mais um diálogo acerca dos temas emergentes e necessários, para um possível futuro justo de ser vivido. Um novo desafio se impõe para as gerações atuais e futuras, pensar em como rearticular as escolhas do cotidiano.






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