As
grandes modificações ambientais, decorrentes do avanço desenfreado das
diferentes atividades humanas, constituem uma ameaça constante à biodiversidade
e podem estar relacionadas ao nível de compreensão e percepção da sociedade no
que diz respeito à problemática ambiental. Este
artigo busca trazer uma reflexão sobre as relações existentes entre o ser
humano e a natureza, destacando seu caráter utilitarista, na qual o ser humano
a subjuga. Tendo a educação como o instrumento para modificar essa relação, que
tende a afetar negativamente a existência humana no planeta, uma vez que ela
depende incondicionalmente da natureza.
Os problemas ambientais
enfrentados neste início da primeira década do século XXI originaram-se na
atuação errada da humanidade sobre o
meio ambiente. O ser humano compreenderia sua relação com
a natureza de forma utilitarista. Ele não seria parte dela, mas dono. Seria necessário reeducar o ser humano para que o mesmo mudasse suas
relações com a natureza compreendendo que sua sobrevivência está condicionada
ao estado em que o meio ambiente se encontra. Se a humanidade afeta
negativamente a natureza, ela apenas afeta sua própria existência.
O homem está constantemente
agindo sobre o meio a fim de satisfazer
suas necessidades e desejos. Cada indivíduo percebe, reage e responde
diferentemente frente às ações sobre
o meio ambiente.
De acordo com Dias (2000), a educação ambiental, por ser interdisciplinar, por lidar com a realidade, por adotar uma abordagem que considera todos os aspectos que compõem a questão ambiental (socioculturais, políticos, científico-tecnológicos, éticos, ecológicos, entre outros), por considerar que a escola não pode ser um amontoado de gente trabalhando com outro amontoado de papel; por ser catalisadora de uma educação para a cidadania consciente, pode e deve ser o agente otimizador de novos processos educativos que conduzam as pessoas por caminhos em que seja visualizada a possibilidade de mudança e de melhoria do seu ambiente total e da qualidade da sua experiência.
Os termos, meio ambiente e
educação ambiental constantemente utilizado,
tanto em meios de comunicação como nos discursos
políticos, livros didáticos, músicas e outras
fontes demonstram uma grande diversidade conceitual,
possibilitando diferentes interpretações, muitas vezes,
influenciadas pela vivência pessoal, profissional e pelas
informações veiculadas na mídia, que vão refletir nos
objetivos, métodos e/ou conteúdo das práticas
pedagógicas propostas no ensino (Reigota, 1991).
A contraditória relação Homem-Natureza
consiste principalmente nos problemas dos processos industriais criados pelo próprio
Homem. Esse processo é visto como gerador de desenvolvimento, empregos,
conhecimento e maior expectativa de vida. Porém, o homem se afastou do mundo
natural, como se não fizesse parte dele.
Com
todo o processo industrial e com o avanço da tecnológica, a humanidade
conseguiu contaminar o próprio ar que respira a água que bebe o solo que provém
os alimentos, os rios, destruírem florestas e o habitat animal.
Todo esse processo de destruição colocou em
risco a sobrevivência da Terra e dos próprios seres humanos. O elevado índice
de consumo e a consequente industrialização esgotam ao longo do tempo os recursos
da Terra, que levaram milhões de anos para se compuser. Muitos desastres
naturais são causados pela ação do homem no meio ambiente. Ao contrário de
muitos que pensam que a natureza é violenta, pode ser, mas seu maior agressor é
o homem, que não se deu conta de que deve sua existência a ela.
O
meio ambiente que circunda um ser vivo é constituído por tudo aquilo que o
envolve e intervêm sobre ele.
Compõe-se
por fatores bióticos e abióticos, conforme PUENTE, 2008; Os fatores bióticos
são os outros organismos vivos com os quais ele compartilha o meio ambiente,
tanto da mesma espécie como de outras diferentes. Os abióticos são os fatores
do ambiente físico que influem sobre o ser vivo como, por exemplo, a
temperatura, a umidade, o relevo do terreno etc.
PUENTE (2008, p. 144) descrevem o meio
ambiente como:
“o conjunto de
componentes físicos, químicos, biológicos e sociais capazes de causar efeitos diretos
ou indiretos em um
prazo curto ou longo, sobre os seres vivos e às atividades
humanas”.
O
meio ambiente compreende inúmeras idéias, conforme a referência. Por exemplo,
para o ser humano, o meio ambiente é uma base de recursos naturais (água e
oxigênio); pode ser também um lugar onde se realizam atividades produtivas
(lavouras e criação de animais); ou então, um receptor de resíduos, já que os
poluentes, frutos das atividades humanas, são lançados nele.
Os
processos de desenvolvimento adotados pela humanidade e suas consequências
ambientais tem sido pauta de diversas discussões e preocupações por parte de
agentes como, governo, entidades civis, organizações sociais, indivíduos
preocupados com a temática do Meio Ambiente.
Para Barbieri (2008), ocorreu primeiramente a
percepção de problemas ambientais, atribuídos à indiferença ou negligência das
pessoas, dos agentes produtores e dos consumidores de bens e serviços
empreendendo desta forma, pelos governos de vários países uma educação
corretiva através de atividades de controle da poluição como multas, de modo a
frear os efeitos gerados pela produção e consumo.
A
poluição tornou a degradação ambiental um problema generalizado, até então
entendido como limitado a cada país, cada um à sua maneira, tratando de seus
problemas, com suas políticas de intervenção governamentais voltados à
prevenção da poluição. Não só no Brasil como em vários países do mundo, a
poluição era um indicativo de progresso. Tal percepção manteve-se até que
problemas relacionados à degradação ambiental, contaminação do ar, água e solo
se intensificaram.
O homem passa a utilizar os recursos
ambientais de forma individualista, sem respeitar a capacidade de recuperação
dos mesmos. A natureza tem uma extraordinária habilidade de renovação. A água,
o ar, solo, flora e fauna, ou qualquer outro recurso ambiental, afetado pelas
ações humanas, pode, sob apropriadas condições, suportar alterações e regenerar-se.
Mas a capacidade da natureza é limitada, e as modificações causadas pelo ser
humano acarretam as degradações, que afetam a capacidade de regeneração,
tornando-a mais difícil, ou mesmo impossível.
A educação é um instrumento para a defesa do meio
ambiente, base para a conscientização, criada pela necessidade humana de se evoluir,
valorizando o contexto natural com o qual convive. A percepção dos problemas
permite uma mudança de postura e sua superação (SÉGUIN, 2006).
Para o
educador Paulo Freire (1996), ensinar não é transferir somente conhecimento,
mas sim criar as possibilidades para a sua produção ou construção. Freire não
aceitava a idéia do que o ensinar era transmitir o saber, pois a missão de um
educador é muito mais que possibilitar a criação do conhecimento e sim poder
levar aos educandos a possibilidade de conhecer. No Brasil temos muitos
educadores que continuam a lutar pelos mesmos ideais que Freire almejou,
educando para a vida, para a transformação de sujeitos.
“ação e reflexão, de tal forma solidária, ainda que em parte,
uma delas, se ressente, imediatamente, a outra. Não há palavra verdadeira que não seja práxis. Daí que dizer a palavra verdadeira seja
transformar o mundo” (FREIRE,
1992 p. 77).
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais os conteúdos de
Meio Ambiente foram integrados às áreas, numa relação de transversalidade, de
modo que impregne toda a prática educativa e, ao mesmo tempo, crie uma visão
global e abrangente da questão ambiental, visualizando os aspectos físicos e
histórico-sociais, assim como as articulações entre a escala local e planetária
desses problemas.
A Educação Ambiental é uma ferramenta para a reflexão
sobre a complexidade ambiental, permitindo examinar valores e percepções que
movem as práticas sociais correntes, a fim de mudar a forma de pensar e
transformar o conhecimento e as atitudes das pessoas através de práticas
educativas.
Seu
objetivo também é o de quebrar esse paradigma antropocêntrico, que coloca o
meio ambiente ao serviço do bem-estar da humanidade, ao mesmo tempo em que
procura incitar nas pessoas a conscientização de que sua sobrevivência e
manutenção de um bem-estar mínimo estão condicionadas à forma como ela se
utiliza dos recursos naturais.
O grande
desafio atual é o de estabelecer uma educação ambiental crítica e inovadora,
voltada à transformação social. Seu enfoque precisa nortear-se em perspectivas
holísticas de ação, incluindo o homem e a natureza. Deve compreender que os
recursos naturais são finitos e o principal responsável pela sua degradação é o
próprio ser humano.
Para
se desenvolver sustentavelmente é imprescindível educar a população sobre as
relações com a natureza. A humanidade sobrevive graças aos recursos providos
por ela. Ao degradar o próprio ambiente em que se vive e de onde se retira
tudo, apenas se afeta e prejudica ainda mais a própria existência humana. Este
é um motivo e tanto para mudar o pensamento sobre como utilizar os recursos
naturais.
Consideramos a priori a importância de aprofundar cada vez mais um
diálogo acerca dos temas emergentes e necessários, para um possível futuro
justo de ser vivido. Um novo desafio se impõe para as gerações atuais e
futuras, pensar em como rearticular as escolhas do cotidiano.